domingo, 21 de fevereiro de 2010

Vai, menina!


Naquele dia não amanheceu como de costume. A noite se estendeu além do que se esperava, parecia que o sol havia perdido sua auto estima, sua confiança e dera lugar à sombra , ao improvável, à incerteza .


Dentro daquela escuridão, todas as dúvidas pairavam. Os medos esquecidos, para que a vida fosse tocada a cada dia como quem economiza, para gastar somente com o indispensável, eram colocados em liquidação para quem quisesse ou não tivesse mais o que fazer nessa grande demanda que é a vida.


Era preciso ter coragem, não havia escolha. O tempo passava, ele poderia ser uma triste testemunha de um momento sem decisão alguma ou um grande torcedor no final do campeonato, ansioso, aflito, mas esperançoso, que sofre horrores, mas sabe - “de virada é melhor!”


A menina estava lá, no escuro. Ela juntava seus pertences e tentava organizar do jeito que dava, catando coisas como quem monta um quebra cabeça. Seguia resoluta, precisava continuar. Havia perdido algumas coisas pelo caminho, mas sabia que um dia encontraria em algum lugar.


- De pressa, ande logo!


A vida exigia.


-Corre, mais rápido!


O tempo era carrasco.


Ela sem parar organizava seus pensamentos e projetava-se para o futuro. Iria valer a pena . Organizava suas coisinhas, objetos, pequenos fragmentos de seu universo. Junta, pensa, junta, corre, ri e chora.


O tempo, naquele instante, torcia por ela como no último minuto do segundo tempo, mas ele acreditava.


- Vai, menina!


Ela seguia, corria, voava.
Sabia que chegar era necessário. Sabia rir do medo, sabia rir de si.


O tempo, agora seu amigo, sabe esperar por ela. A menina, ainda voa, mas agora vai onde quer.

2 comentários:

  1. Adorei essa história, quero voar tbm.

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  2. Oi Betinha! Você continua com o mesmo rostinho de menina. Não sei se você ainda lembra de mim. Guardo você nas minhas lembranças e no meu coração com muito carinho.
    Um abraço apertado!

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